segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Pedras e flores
Após diversas tentativas de encontrar um determinado morador, situação comum nesse trabalho, fui informada pelo vizinho que o melhor horário para encontrá-lo seria na parte da manhã. Apesar do frio daquela manhã de sexta feira, foi o que fiz na minha primeira hora de trabalho. Toquei a campainha meio sem graça por achar que estava muito cedo, e uma figura digamos um tanto que bizarra chegou na janela da casa. Era uma casa de fundos, aliás, bem lá nos fundos. Pedi desculpas pelo horário, disse que já havia ido lá outras vezes sem encontrá-lo, o mesmo pediu que esperasse que já viria me atender. Após alguns minutos ele veio, quando chegou no corredor que dava acesso ao portão, senti um arrepio e medo. O homem trajava uma roupa que um dia havia sido branca, tinha um colar do tipo religioso vermelho e preto até a cintura e uma espada na mão e o andar de quem estava se preparando para um ritual. Alguns moradores, acho que pelo clima de violência, o que é bastante compreensível, fazem o atendimento pelo lado de dentro do portão, mas ele não, fez questão de abrir, e que eu entrasse. Era tudo que não queria, entrar. Dada a insistência e para não ser deselegante entrei, dei uma desculpa de que seria melhor ficar próximo ao portão para que eu pudesse ver os vizinhos que já estavam saindo para o trabalho, ele concordou. Abri o PDA (computador de mão), rezando para que fosse o questionário básico. Graças a Deus meu pedido foi atendido. Começamos a entrevista, a qual ele respondia e levantava a espada, não sabia se me concentrava no questionário ou na espada. Apesar do frio que fazia naquela manhã...eu suava, o PDA não aceitava a marcação, ele para responder hesitava...olhava-me e manejava a espada. Teve uma hora que fixei-me tanto na espada, que ele notou e alegou que estava treinando quando cheguei, só não me disse porque não deixou a espada em casa para me atender. Cabei a entrevista e embora a curiosa não perguntei o por quê ou que ele estava treinando?
domingo, 1 de agosto de 2010
Um dia
pessoa para esquecer outra
é bobagem.
Você só não esquece a outra
pessoa como pensa muito
mais nela....
Um dia percebemos que as
melhores provas de amor são
as mais simples...
Um dia percebemos que o
comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser
classificado como o "bonzinho"
não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa
que nunca te liga é a que mais
pensa em você...
Um dia saberemos a importância
da frase:
"Tu te tornas eternamente
responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos
muito importantes para alguém,
mas não damos valor a isso...
Enfim... um dia descobrimos
que apesar de viver quase um século
esse tempo todo não é suficiente
para realizarmos todos os
nossos sonhos,
para beijarmos todas as bocas
que nos atraem, para dizer tudo
o que tem que ser dito
naquele momento.
Não existe hora certa para dizer o
que sentimos se quem estiver
te ouvindo não te compreender,
não te merecer...
O jeito é: ou nos conformamos com
a falta de algumas coisas na nossa
vida ou lutamos para realizar
todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar
tampouco compreenderá uma
longa explicação.
MARIO QUINTANA
sexta-feira, 9 de julho de 2010
AVC...(HCG)
– A sua menstruação já falhou?
– Já, agora é o que mais acontece. A última vez pensei que nem viessse mais, ficou 5 meses sem vir. De repente os seios ficaram mais rigidos e por não estar doloridos não desconfiei que iria menstruar. Estava tão gostoso, só vivia me apalpando, parecia silicone. Mas era sintoma pré-menstrual.
– Você não sabe da maior: pensei que tava grávida!
– Ah! mentira.
– Juro, estava com todos os sintomas.
– rsrsrsrsrrs
– Não dormia mais de tanta preocupação... Como iria contar para mamãe?
– Mais risos
– Fui na Clínica fazer o exame. A clínica que eu levo mamãe... vc precisava ver a cara da recepcionista... e eu falando baixinho, enquanto ela aumentava o tom: O quê Dª Leleca? Falei mais baixinho ainda... quero fazer um exame de gravidez... quando fica pronto?
Recepcionista: Não precisa vir, eu passo o resultado amanhã por telefone.
– Fala só comigo... mamãe ainda não sabe.
Gente a essa altura já estava tendo crise de tanto rir. A cara dela de "donzela arrependida" era hilária.
– Não preguei o olho. Quando foi a tarde ela me liga e diz: "Oi Dª Leleca, o exame ficou pronto, deeeeeu: positivo! " Quase tive um "troço". Pensei que fosse empacotar. Fiquei muda.
A recepcionista: Dª Leleca é brincadeira, deu negativo.
– Agradeci. Não me convenci, voltei na Clinica e pedi ao médico uma ultravaginal.
Nisso a filha que estava no cômodo ao lado ouviu e ficou sabendo da história:
– Maluca você... como você iria estar grávida?
– Não, peraí! Ela pode até ser maluca, mas alguma coisa ela fez para achar que estava grávida.
A filha retirou-se resmungando quanto a maluquice da mãe, que continou:
– Só descansei depois da ultra, quer dizer, logo depois tive o AVC... acho que foi muita tensão. Não brinco nunca mais!
Obs.: Não esqueçam da camisinha!
terça-feira, 6 de julho de 2010
Mais de 1100 visitas

Gostaria de agradecer a todos que visitaram o blog nestes quase três meses. O contador marca nesse momento 1100 visitas, sei que foram mais, já que o primeiro contador paralisou após algumas semanas de uso e o atual foi zerado.
O blog ainda está em construção ou mutação. Desde que foi criado mudei de layout três vezes. Gostaria de personalizá-lo, o que ainda não foi possível devido ao custo. E ainda que fosse, também não ficaria satisfeita. A artesã que há em mim, que não é web designer ou entendida o suficiente, quer fazer isso. Quero dar o meu toque, colocar uma coisinha aqui, outra ali, mesclar cores. Fazer com que os textos "flutuem" entre as páginas, desabrochem como flores e muito mais.
Ah os textos! quero separá-los e agrupá-los por assuntos. Fazê-los emergir do mais intimo do meu ser. Lembrar sempre que seja qual for o layout do blog, eles serão sempre o que de mais importante o blog terá. Às vezes serão alegres... alguns tristes, outros angustiados e ainda haverá aqueles em que serão todos os meus sentimentos ali impressos. Vou falar do amor que senti... que ainda quero sentir e aí não posso esquecer a dor que não cabe em si, mas que não pode deixar de existir.
Gostaria que houvesse mais comentários. Como são importantes. É essa troca de opiniões favoráveis ou contrárias que faz a interação do meu mundo com outros. É um veículo não só de crescimento, mas também de liberdade de expressão. É claro, baseado no respeito mútuo.
Estamos só no começo e muito feliz... obrigada a todos!
domingo, 4 de julho de 2010
OUTONO

Me descobri no outono da vida, desconstruindo para reconstruir, espero que para melhor... rsrsrs. Mas, as
Por ser uma fase de transição entre o
Música para este momento: All things must pass de George Harrison (link para letra/tradução) Ouça aqui em um dos muitos vídeo-tributos:
SAUDADES...
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
FICHA LIMPA ... Até que enfim
- a Lei 8.930/94 (também conhecida como Lei Daniella Perez), que inclui o assassinato praticado por motivo torpe ou fútil, ou cometido com crueldade, na Lei dos Crimes Hediondos, impede o pagamento de fianças e impõe um tempo maior da pena para a progressão do regime fechado ao semiaberto;
- a Lei 9.840/99 tipificou o crime da compra de votos, incluindo a possibilidade de cassação do registro do candidato que doar, oferecer ou prometer bem ou vantagem pessoal em troca do voto;
- a Lei 11.124/05, que cria o fundo nacional de habitação popular, proposto pelo Conselho Nacional de Moradia Popular; e
Após quase oito meses e devido a um grande clamor social, no dia 19 de maio foi aprovado o projeto de lei Ficha Limpa, que reuniu 2,5 milhões de assinaturas, sendo a avaaz.org (uma rede de ativista para mobilização global através da Internet) responsável pela coleta de 1,9 milhões de assinaturas entre os internautas. A lei impede a candidatura de políticos condenados criminalmente por órgão colegiado e aumenta de três para oito anos o período de inelegibilidade dos candidatos após o cumprimento da pena.
Os projetos de iniciativa popular têm que ser "acolhidos" por parlamentares ou pelo presidente da República para que possam tramitar no congresso, já que o nosso legislativo admite não ter como conferir os mais de 1 milhão de números de títulos de eleitor e assinaturas que a lei exige de um projeto dessa natureza. De acordo com a Constituição Brasileira, entidades poderão patrocinar a apresentação de projetos de lei, desde que se responsabilizem pela coleta de assinaturas. Os projetos do Ficha Limpa e da cassação por compra de votos foram patrocinados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Quando foi promulgada a Constituição de 1988, o então presidente da Assembléia Nacional Constituinte, Dr. Ulisses Guimarães afirmou: " A Constituição quer mudar o homem em cidadão... Só é cidadão quem ganha justo e eficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa" (Weffort, 1992). Ante a nossa realidade enquanto sociedade; a nossa legalidade constitucional; a capacidade em exercer uma democracia participativa, por que a nossa inércia em mobilizar-nos no exercício da cidadania? Até onde a "corrente" daqueles que acreditam que a democracia participativa se "choca" com a outra (representativa) influencia o povo? Vinte e dois anos e apenas 4 leis de iniciativa popular, somos um povo, no mínimo, satisfeito.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
NOVENTA MINUTOS
É óbvio que não vou falar dos aspectos técnicos do jogo, pois o meu entendimento de futebol, vai um pouquinho além da hora em que a bola passa entre as traves e fica presa na rede e a gente pula e grita goooooool. Tampouco opinar se o Dunga fez a escalação certa ou errada. Também compartilhei uma cervejinha, gritei, vibrei, sofri... alegrei-me com os gols e satisfiz-me com a vitória.
Mas os noventa minutos se passaram e com ele as vozes, que antes unissonas, agora silenciam-se . O sentimento de amor ao país adormece, os nossos interesses voltam ao individualismo com que estamos construindo a nossa história. Voltamos ao nosso dia-a-dia com aqueles problemas que não fazemos nada para resolvê-los. Esquecemos do quanto somos capazes de nos mobilizar e clamar por uma sociedade mais justa, humana e igualitária.
E ... no domingo estaremos todos unidos de novo. Brasillll!
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Não vou "hibernar"
Olá! Estou atrasada nas postagens, peço que me desculpem. Como hoje é segunda-feira, dia em que adoro escolher para mudanças, que nem sempre acontecem. Lembrei-me da minha filha que costuma dizer que a partir da decisão de mudanças, qualquer dia e qualquer hora é bom para começar. Mas eu faço parte daquelas pessoas que escolhem a segunda para começar o regime, a caminhar, a parar de fumar ( minha grande batalha), a estudar etc. E nessa eu vou organizar o meu tempo e afazeres para que eu consiga postar. Não! decididamente não vou "hibernar". Vamos combinar que com esse frio que está fazendo, nada melhor que ficar quietinha e encolhidinha num canto. Sem culpas né... afinal até computador hiberna. A bem da verdade ele salva tudo antes de hibernar e eu perco tempo e idéias. Já comecei errado... não era para escrever este post agora. Vamos à segunda-feira. Um beijo no coração de todos e uma boa semana.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
VAMOS COBRAR MAIS...
Segundo o Delegado: “Nós podemos dizer que o acidente aconteceu por um somatório de fatores. Por tudo o que vimos até agora, houve no mínimo imprudência e negligência. Como piloto habilitado, José Júnior tinha por obrigação exigir o uso do colete, principalmente por parte das meninas que não sabiam nadar”. (fonte: Correio Brasiliense)
Ao ouvirmos acidentes como esse, imaginamos a dor dessas famílias, acompanhamos o seu sofrimento. Talvez aquela mãe só conseguia atribuir a culpa ao piloto movida pela dor da perda de duas filhas. Creio que ambos os lados, tanto piloto quanto os passageiros e suas famílias são vítimas. Não quero parecer fria, mas eram dez jovens maiores de idade. "As meninas" a qual se refere o delegado, tinham 19 e 23 anos, as duas irmãs mortas, e outra 26 (a irmã sobrevivente). Não acredito que desconhecessem a capacidade da lancha e muito menos o uso OBRIGATÓRIO do colete de segurança. Eram dez cabeças a pensar. Não foram coagidos a entrar na lancha. Até onde houve conivência em permitir que o piloto ingerisse bebida alcoólica?
É nessa hora que temos que pensar em cobrar mais dos nossos filhos – RESPONSABILIDADE - para que eles possam ser condutores das suas vidas. Se o piloto foi imprudente e negligente na condução do seu ofício, esses jovens o foram com as suas vidas. Segundo o Direito Brasileiro: A culpa pressupõe a previsibilidade do resultado. "Existe previsibilidade quando o agente, nas circunstâncias em que se encontrou, podia, segundo a experiência geral, ter-se presentado, como possíveis, as consequências do seu ato. Previsível é o fato cuja possível superveniência não escapa à perspicácia comum" leciona NELSON HUNGRIA (in "Comentários ao Código Penal, 5ª ed.Forense, vol.I,tomo II, p. 188). Nós temos a cultura do "coitadinhos" estão traumatizados, já foram penalizados. E somente um vai responder por homicidio culposo. E também deve estar traumatizado porque a intenção dele não era matar. A nossa legislação tem que ser revista e a nossa visão ante as determinadas (algumas anunciadas) tragédias também.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Isso também passa
"Chico Xavier" costumava ter em cima de sua cama uma placa escrita:
"ISSO TAMBÉM PASSA...
Aí perguntaram para ele o pq disso.
E ele disse que era para se lembrar que qdo estivesse passando por momentos ruins, poder se lembrar de que eles iriam embora. Que iriam passar.
E que ele teria que passar por aquilo por algum motivo.
Mas essa placa também era para lembrá-lo que qdo estivesse muito feliz, não deixar tudo para trás e se deixar levar, porque esses momentos também iriam passar e momentos difíceis também viriam de novo.
E é exatamente disso que a vida é feita de MOMENTOS.
Momentos os quais temos que passar, sendo bons ou não, para o nosso próprio aprendizado.
Por algum motivo nunca esquecendo do mais importante: NADA É POR ACASO.
Não estamos aqui por acaso,
não conhecemos as pessoas por acaso,
nao vivemos por acaso.
Tudo acontece por algum motivo,
e o que tiver que acontecer vai acontecer,
e nada, nem ninguém vai mudar isso..."
Retirado do ORKUT, de Rosa Maria Pereira Pereira
domingo, 23 de maio de 2010
QUANDO ME AMEI DE VERDADE

Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!!!
Charles Chaplin
sexta-feira, 21 de maio de 2010
BAGAGEM HORÁRIA
Duzentas horas... não sei se houve troca, pois não sei o que dei ou quanto doei-me, mas com certeza aprendi com todos: instrutores, colegas e principalmente, com os idosos. Muito vou levar, até daqueles que, lamentavelmente, acham que só têm a ensinar. Vivi verdades teóricas e práticas mentirosas ou será que eram mentiras teóricas e práticas verdadeiras... não importa, se o significado da palavra verdade é o que se experimenta, que se alcance na prática a teoria, aquela que condiz com o respeito, com a dignidade, com o amor ao próximo, com o comprometimento com o fazer melhor.
Falar de cada um não seria difícil já que soube de lutas, dificuldades, barreiras vencidas e a serem vencidas. Percebi procura por mudanças, senti a garra de cada um... obrigada, por compartilharem essas duzentas horas comigo. Mas, a maior lição eu vou levar de alguém especial, pelo exemplo maior de força, alguém que por diversas vezes chegou pernoitada, que esteve sempre alegre ou passa sempre uma alegria, participativa, que doou os seus conhecimentos. Foi uma tranqüilidade tê-la como companheira no estágio. Aquela que assim como a outra, que também teve seu filho assassinado, não perdeu a doçura e não deve ser por acaso que se chama Maria (Cecília).
Senti o aconchego das mãos enrugadas pelo tempo, muitas que outrora foram produtivas, laboriosas e agora retinham as minhas, buscando segurança, carinho, o elo, a certeza de não mais estar sozinho. Ouvi histórias e muitas vezes me encontrei nelas, lembrei do avô, da avó, da mãe, pessoas queridas e desconhecidas daquelas, mas com histórias tão parecidas, identifiquei-me e me projetei.
“Verbalizei a paciência” para ouvir tantas vezes a mesma história, para manter o diálogo confuso, por não ter a resposta de tantas perguntas, para conter a indignação por não poder mudar a instituição, por ser mais um elemento em atuação e não de transformação. Mais uma vez, senti-me impotente diante da vida.
Penetrei os olhos que falam e perguntei-me: será que são tão expressivos porque ela não consegue mais falar. Como dizem tantas coisas, pedem socorros, externam a tristeza e a alegria. Vou guardar para sempre os olhos de Laura, não porque eram de um azul lindo... mas porque eles refletiam a sua alma, eram os mais intensos.
Quantas horas têm uma vida? Algumas desperdiçadas, outras bem vividas, há ainda aquelas sofridas, tristes, doloridas. Há as só de alegria, esperança, fé, e nessas duzentas horas... vivi todas elas, ali contidas.
(Maio/2009, no término do curso de Cuidador de Idoso, após o estágio no Solar das Vivendas)
foto: Internet
quarta-feira, 19 de maio de 2010
DEU PANE!
o que leva alguém a maltratar uma criança?...
o casal querido em crise...
O CASAL?
Não, eles estão se acertando...
passar por todo o processo...
DE RECONCILIAÇÃO?
de adoção...
ás 17h assinar a ratificação...
DA PROCURADORA?
do meu divórcio...
é galinha ...
A PROCURADORA?
a opção do almoço...
entro no quarto e olho a parede...
fico imaginando a cor ...
DA PAREDE?
do template do blog...
claro que houve falhas no processo...
DO DIVÓRCIO?
Não de adoção...
será que eles vão acabar juntos?...
O CASAL EM CRISE?
Marcos e Tereza em Viver a Vida...
Fui varrer a Amandoarte, pensei em fazer uma divulgação...
DAS BOLSAS?
do blog...
preciso criar coisas novas...
NO BLOG?
nas bolsas ...no artesanato...
vou ligar agora...
O PC?
não a bomba d’agua...
os operários trabalham na fachada...
Nossa! fez xixi em toda varanda...
OS OPERÁRIOS?
meu cachorro safado...
mais um escândalo de corrupção...
está botando pelo ladrão...
O ESCANDALO?
a caixa d’agua...
quero escrever sobre os meus filhos...
só dá trabalho...
OS FILHOS?
não, o cachorro safado...
Ufa! ... DEU PANE!
A BOMBA D’AGUA?
Não... a minha cabeça.
foto: Internet
terça-feira, 18 de maio de 2010

Tirando do baú...
até olhei...
mas não vi,
como vejo agora.
Estávamos tão pertos,
e permanecemos distantes.
E a cada dia mais distantes,
nos fizemos tão próximos.
Por que pensar no antes,
se há um IR tão distante.
Apenas vou lembrar,
que aconteceu em um instante,
Pra só coisas boas restar,
Além do prazer de lembrar.
“ Não preciso morrer para falar da morte, sentir saudade para falar do distante, está amando para falar de amor, simplesmente, fecho os olhos e imagino o que você está sentindo.”
crédito do GIF animado: templates by leccasegunda-feira, 17 de maio de 2010
TRANSFORMAÇÃO
E a vi tão linda.
No olhar,
algo reluzente.
O sorriso
apenas transparente.
E vi minha menina,
a divagar.
Somente a sonhar.
Tentei imaginar,
os sonhos da donzela,
mas eram só dela.
Então entendi
os seus anseios.
E aceitei
seus devaneios.
Não sem antes pensar
naquele alguém
que parecia ocupar
todos os espaços.
Descontrolava-me os seus passos.
Imaginei um ladrão
a roubar seu coração.
Logo, encontrei a razão.
Sufoquei o ciúme,
para não vir a lume.
Tornei a olhar,
e vi a menina
aprendendo a amar.
Imaginei a mulher
que se transformará.
Esse escrevi para minha filha Thaís. Foi em 17/10/2004, ela estava com dezessete anos e começando a amar.
Vale a pena relembrar!
Acho que vale a pena blogar!
QUISERA
Quisera poder conhecer todos os teus desejos
Partilhar dos teus pensamentos
Sentir os teus anseios
E quem sabe... viver os teus momentos
Quisera não conhecer a esperança
Mas viver na certeza
Me desgarrar das lembranças
Me esquecer da tristeza.
Quisera em teus braços
Me fazer mulher
Na ternura dos teus afagos
Me sentir crescer
Quisera desabrochar em tuas mãos
Plantar tuas raizes em minhas entranhas
E florescer no teu coração
Quisera em meus braços te acolher
Em meus seios te embalar
O mesmo caminho percorrer
E dentro de mim te cravar
Quisera deixar meu amor germinar
E cultivar essa semente sentindo em mim aninhar
E vivê-la intensamente
Quisera viver em você
Quisera... ter você
Quisera...
Essa poesia eu fiz há uns trinta anos, ainda jovem e apaixonadíssima. Anos mais tarde, creio que em 2000, já casada e com filhos, minha filha pré-adolescente queria participar de um concurso no Grêmio Literário de Bangu. Ela estava indecisa e para incentivá-la resolvi inscrever Quisera, que ficou em 7° lugar (adulto) e a dela (Mãe) em 5° (infanto-juvenil), ambas fizeram parte da coletânea daquele ano. Resolvi blogar porque além de gostar muito, ela é especial, foram sonhos que se concretizaram.
foto: Internet
INSÔNIA
mais uma duelo a travar.
Não posso pensar
tenho que relaxar.
Imóvel ficar.
Ouço sons a ressoar,
carros, motos a passar,
e ainda, gente a falar.
Enquanto eu a divagar,
ao som da bica a pingar.
O ar começa a pesar,
no ouvido a chiar.
O coração parece disparar,
e a noite se alongar,
ninguém para conversar.
E por não aguentar,
resolvo levantar,
talvez uma revista folhear,
algo para me acalmar,
e as horas não contar.
Decido... vou à janela olhar.
Uns já vão trabalhar,
outros foram farrear,
alguém o lixo a catar,
e alguns só "notivagar".
Volto a deitar,
em vão tento descansar,
quero sonhar,
melhor seria transar,
mexo, remexo... já é hora de acordar!
domingo, 9 de maio de 2010
SEPARAÇÃO
Alguém querido me falou que estava pensando em separação e um sentimento muito triste invadiu meu coração. Não era só tristeza. Havia também o sentimento da impotência. Por não poder evitar a dor que você já conhece, por ser um casal querido, pela união de tantos anos, porque era mais um sonho desfeito. E passiva, lembrei da dor. Gostaria de fazer alguma coisa, mas sabia que não podia. E como não somos donos da verdade, surgem os questionamentos.
Difícil é entender que alguém abandonou o sonho, que de repente já não se sonha mais a dois ou ainda, o que é pior, vê o “seu” sonho compartilhado com uma terceira pessoa. E o que era prazer vira desespero. Ah! Partilhar foi o que se fez durante anos... Partilhamos a vida: família, filhos, amigos, casa, carro, salário, férias, festas, alegrias e tristezas. E de repente não é mais partilhar, mas a partilha a se vivenciar.
Não falo aqui só da partilha material, ainda que essa seja complicada e alguma vezes dolorosa, existe outra “partilha”: emocional e sentimental. É a “repartição” dos opostos de nossas vidas. A alguém cabe a tristeza, ao outro a alegria. Não se divide culpa, atribui-se a alguém. Então há uma vítima. Quando há filhos, a um cabe “a parte” da responsabilidade e ao outro a visita, a distração e por aí vai.
Como um filme você relembra os anos passados, foca mais as dificuldades, os obstáculos superados, talvez para auto-afirmar que pessoa maravilhosa você foi e que não merecia que tudo estivesse a ruir. Nesse momento, você precisa de um culpado... e não é você.
Agarramo-nos a idéia de que o outro mudou. Não nós... somos iguaizinhos ao que éramos há alguns anos atrás. Algumas vezes encontramo-nos na rotina a grande vilã da nossa história. Reafirmamos que fizemos de tudo, às vezes para convencermo-nos. E quase sempre o TUDO ainda estava por fazer.
E é nessas indagações e acusações que passamos os primeiros tempos, que podem durar dias, meses ou alguns anos. O que me faz lembrar uma historinha, cujo autor é desconhecido e que dizia: “Que o amor queria a travessar um caudaloso rio. E chegando a um primeiro barqueiro, perguntou se este o levaria, houve recusa; chegando ao segundo, também obteve recusa, e ele continuou caminhando à margem do rio, parecia já ter andado muito e já cansado, achando que não alcançaria a outra margem; encontrou um terceiro barqueiro, e este aceitou fazer a travessia. Curioso ele perguntou:
_ O Senhor sabe o nome do primeiro barqueiro à margem do rio?
_ Sim, é o desprezo.
_ E o segundo?
_ A dor.
_ E o seu qual é?
_ O tempo.
E realmente é assim, há dores que só o TEMPO ajuda-nos a fazer a travessia.
Numa união desfeita sempre há feridos, às vezes os dois, ambos se perdem no sonho comum e ainda assim só o tempo para curar as feridas.
Ante a minha impotência em ajudar, resta-me a orar por esse casal. Vibrando para que eles possam buscar dentro de si o desejo, a vontade de atravessarem juntos esse rio. Que consigam relembrar as coisas boas e ver que o amor que os trouxe até aqui ainda existe, ainda que esquecido, adormecido, quem sabe até machucado.
Que reaprendam a se amar, não com o encantamento do começo, pois esse é o que esconde, o que dissimula aquilo que não queremos ver e que com o passar dos anos vai se desencantando aos nossos olhos. Mas com o amor construído nesses mesmos anos, que será capaz de entender que ninguém modifica ninguém e assim aceitar o outro com as suas fraquezas e limitações. Que nos faz compreender que o mesmo “tempo” que nos cura, nos traz marcas e transformações inevitáveis, e o quanto precisamos aprender a conviver com elas.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Paralelas
Ao voltar para casa um dia, enquanto descia a via principal, deparei-me com diferentes pessoas e a rua pareceu-me não ter fim. Embora more a três paralelas fora da comunidade, parecia que aquilo era um outro mundo. Muitos podem estranhar o meu choque, acreditando que devido à proximidade e ser a violência tão explorada pela mídia haja facilidade em conviver com essa realidade.
Como em quase toda comunidade, tem-se uma rua principal e diversas paralelas, becos e ruelas. Segundo o Aurélio: “paralelas - cada uma de duas retas que situadas no mesmo plano, não tem ponto em comum”. Segundo a minha cabeça naquele momento: vidas totalmente opostas, situadas no mesmo plano, cujo único ponto em comum é mais geográfico do que geométrico.
Havia pessoas cujas vidas dentro da comunidade eram soberanas que como a via principal tudo passa por elas. São “o poder paralelo”, conseguem ser o legislativo, judiciário e executivo em uma só organização e outras que tinham suas vidas paralelas àquelas. E o verdadeiro poder, onde está? Em algum lugar, é claro, paralelo aquele.
É óbvio que se não fosse a real necessidade, aquele seria um dos últimos lugares do mundo em que eu abriria um negócio que, diga-se de passagem, só serviu para um crescimento interior. Descobri logo, que na comunidade, havia dois públicos, um que podia gastar, comprava roupa de marca ou no Shopping e o outro que não podia comprar.
Dentro da Igrejinha, que não era a única na via principal, diversas vozes entoavam um cântico de paz e amor, e do lado de fora, quase que na porta, dois rapazes empunhavam fuzis com tanto furor.
Mais à frente encontrei uma senhora que tivera seu filho assassinado, provavelmente pelos da “via principal”, e lá estava ela passiva... paralela a tudo aquilo. Reconheci um menino que brincava de bola de gude, alheio as armas e a toda aquela movimentação, um colega de classe do meu filho que nas poucas vezes que lá esteve comigo apertava as minhas mãos e suava frio.
Vi “seu” Arlindo, cujos filhos a vida seguia como duas paralelas: um era pastor e o outro soldado do tráfico. E naquele homem um amor incondicional, único ponto comum daquelas vidas. Deparei-me com mães que assim como eu retornavam do trabalho, e lamentavelmente, outras que escolheram como trabalho o comércio do “pó”. Conheci mulheres que dividiam seus homens numa aparente aceitação, até porque a “lei” local não permite esse tipo de briga. E outras que infelizmente não tinham o direito de reivindicar a enterrar os seus filhos.
E foi nesses encontros e desencontros, que fiquei tentando entender todo esse antagonismo dessas vidas. Como apesar de estarmos tão próximos, vivemos em mundos tão distantes... diferentes.
Busquei culpados para muito do que vi ali. Normalmente é o que fazemos, culpamos Deus, o poder público até o cachorro do vizinho, mas custamos a admitir a nossa parcela de culpa. Costumamos a dizer que tal área é dominada pelo tráfico, mas será que nós não a segregamos ao domínio do tráfico?
Enfim, terminei o percurso e trazia comigo não só cansaço, mas alguns questionamentos que de pronto não conseguiria responder e experiência de conhecer pessoas fortes, batalhadoras. Histórias de dor e superação. Lembrei-me de uma frase: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” (Martin Luther King)
sábado, 24 de abril de 2010
Portas

Não fiquei pensando em quantas e quê portas mais passaria, refleti sobre algumas, para que eu possa fazer com mais segurança e discernimento todas as minhas travessias. Não quero mais bater as portas. Ainda as que se apresentarem emperradas, quero ter a calma e paciência para fazê-las mover mesmo que devagarzinho. Sei que algumas causarão dor, vão requerer grande esforço, um exercício constante de boa vontade e acima de tudo perseverança. Quero jogar as minhas “chaves” fora, para que os meus filhos, a minha família, os meus amigos e aqueles que por mim cruzarem possam encontrar sempre a porta aberta, pronta a entender, compartilhar... acolher.



sexta-feira, 23 de abril de 2010
Sonhos
foto: Internet