quinta-feira, 24 de junho de 2010

Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade

7 comentários:

  1. Muito Bom!!!Será q tem alguma coisa com aquela nossa Amiga(entendeu?),achei q combinou com o momento dela.bjs

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  2. Nana, que bom te ver aqui. Acho que aquela nossa amiga(se entendi) opta sempre conforme o "seu" capricho. É complicado, pois a verdade de alguns são absolutas. bjs

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  3. Que poema lindo!
    Não conhecia...

    Beijos!

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  4. Drummond sempre tem algo certo para dizer na hora certa, não é? Me amarro nele!

    Sou amigo de trabalho de sua filha e me amarrei no teu blog! rs

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  5. Oi Giul!
    É verdade... ele é para todos os momentos.
    Perfeito.
    Volte sempre
    bjs

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