domingo, 23 de maio de 2010

QUANDO ME AMEI DE VERDADE

A minha ideia é em cada dez publicações presentear vocês e o blog com um escritor renomado... com quem começar? A escolha não foi fácil, mas optei por um poema que retrata esse meu momento de remexer o "baú", desemperrar "portas", de entender o outro, de transformação... lirismo. Creio, perdoem-me se estiver errada, que para amar-SE de verdade é preciso descobrir-SE e redescobrir-SE. Espero que vocês gostem! bjs


Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.

Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.

Tudo isso é... Saber viver!!!
Charles Chaplin

sexta-feira, 21 de maio de 2010

BAGAGEM HORÁRIA


Duzentas horas... não sei se houve troca, pois não sei o que dei ou quanto doei-me, mas com certeza aprendi com todos: instrutores, colegas e principalmente, com os idosos. Muito vou levar, até daqueles que, lamentavelmente, acham que só têm a ensinar. Vivi verdades teóricas e práticas mentirosas ou será que eram mentiras teóricas e práticas verdadeiras... não importa, se o significado da palavra verdade é o que se experimenta, que se alcance na prática a teoria, aquela que condiz com o respeito, com a dignidade, com o amor ao próximo, com o comprometimento com o fazer melhor.
Falar de cada um não seria difícil já que soube de lutas, dificuldades, barreiras vencidas e a serem vencidas. Percebi procura por mudanças, senti a garra de cada um... obrigada, por compartilharem essas duzentas horas comigo. Mas, a maior lição eu vou levar de alguém especial, pelo exemplo maior de força, alguém que por diversas vezes chegou pernoitada, que esteve sempre alegre ou passa sempre uma alegria, participativa, que doou os seus conhecimentos. Foi uma tranqüilidade tê-la como companheira no estágio. Aquela que assim como a outra, que também teve seu filho assassinado, não perdeu a doçura e não deve ser por acaso que se chama Maria (Cecília).

Senti o aconchego das mãos enrugadas pelo tempo, muitas que outrora foram produtivas, laboriosas e agora retinham as minhas, buscando segurança, carinho, o elo, a certeza de não mais estar sozinho. Ouvi histórias e muitas vezes me encontrei nelas, lembrei do avô, da avó, da mãe, pessoas queridas e desconhecidas daquelas, mas com histórias tão parecidas, identifiquei-me e me projetei.

“Verbalizei a paciência” para ouvir tantas vezes a mesma história, para manter o diálogo confuso, por não ter a resposta de tantas perguntas, para conter a indignação por não poder mudar a instituição, por ser mais um elemento em atuação e não de transformação. Mais uma vez, senti-me impotente diante da vida.
Penetrei os olhos que falam e perguntei-me: será que são tão expressivos porque ela não consegue mais falar. Como dizem tantas coisas, pedem socorros, externam a tristeza e a alegria. Vou guardar para sempre os olhos de Laura, não porque eram de um azul lindo... mas porque eles refletiam a sua alma, eram os mais intensos.

Quantas horas têm uma vida? Algumas desperdiçadas, outras bem vividas, há ainda aquelas sofridas, tristes, doloridas. Há as só de alegria, esperança, fé, e nessas duzentas horas... vivi todas elas, ali contidas.


(Maio/2009, no término do curso de Cuidador de Idoso, após o estágio no Solar das Vivendas)

foto: Internet

quarta-feira, 19 de maio de 2010

DEU PANE!

Hoje acordei com uma vontade louca de escrever... e postar é claro! Qual a novidade nisso? Aquela não era a hora e havia “n” coisas para fazer e nessas coisas não estava incluída ir para frente do computador. Resisti bravamente, não fui. Comecei meus afazeres ... doméééstico ! A cabeça fervilhava, diversas idéias e pensamentos, se alguém pudesse vê-los e interagir ficaria assim:

o que leva alguém a maltratar uma criança?...

o casal querido em crise...

O CASAL?

Não, eles estão se acertando...

passar por todo o processo...

DE RECONCILIAÇÃO?

de adoção...

ás 17h assinar a ratificação...

DA PROCURADORA?

do meu divórcio...

é galinha ...

A PROCURADORA?

a opção do almoço...

entro no quarto e olho a parede...

fico imaginando a cor ...

DA PAREDE?

do template do blog...

claro que houve falhas no processo...

DO DIVÓRCIO?

Não de adoção...

será que eles vão acabar juntos?...

O CASAL EM CRISE?

Marcos e Tereza em Viver a Vida...

Fui varrer a Amandoarte, pensei em fazer uma divulgação...

DAS BOLSAS?

do blog...

preciso criar coisas novas...

NO BLOG?

nas bolsas ...no artesanato...

vou ligar agora...

O PC?

não a bomba d’agua...

os operários trabalham na fachada...

Nossa! fez xixi em toda varanda...

OS OPERÁRIOS?

meu cachorro safado...

mais um escândalo de corrupção...

está botando pelo ladrão...

O ESCANDALO?

a caixa d’agua...

quero escrever sobre os meus filhos...

só dá trabalho...

OS FILHOS?

não, o cachorro safado...

Ufa! ... DEU PANE!

A BOMBA D’AGUA?

Não... a minha cabeça.


foto: Internet

terça-feira, 18 de maio de 2010



Tirando do baú...


Por que não te olhei antes?

até olhei...

mas não vi,

como vejo agora.

Estávamos tão pertos,

e permanecemos distantes.

E a cada dia mais distantes,

nos fizemos tão próximos.

Por que pensar no antes,

se há um IR tão distante.

Apenas vou lembrar,

que aconteceu em um instante,

Pra só coisas boas restar,

Além do prazer de lembrar.

“ Não preciso morrer para falar da morte, sentir saudade para falar do distante, está amando para falar de amor, simplesmente, fecho os olhos e imagino o que você está sentindo.”

crédito do GIF animado: templates by lecca

segunda-feira, 17 de maio de 2010

TRANSFORMAÇÃO

foto: Thaís Loureiro Dias





E a vi tão linda.
No olhar,

algo reluzente.
O sorriso
apenas transparente.

E vi minha menina,

a divagar.
Somente a sonhar.
Tentei imaginar,
os sonhos da donzela,
mas eram só dela.

Então entendi
os seus anseios.
E aceitei
seus devaneios.

Não sem antes pensar
naquele alguém
que parecia ocupar
todos os espaços.
Descontrolava-me os seus passos.

Imaginei um ladrão
a roubar seu coração.
Logo, encontrei a razão.
Sufoquei o ciúme,
para não vir a lume.

Tornei a olhar,
e vi a menina
aprendendo a amar.
Imaginei a mulher
que se transformará.

Esse escrevi para minha filha Thaís.
Foi em 17/10/2004, ela estava com dezessete anos e começando a amar.
Vale a pena relembrar!
Acho que vale a pena blogar!









QUISERA


Quisera poder conhecer todos os teus desejos
Partilhar dos teus pensamentos
Sentir os teus anseios
E quem sabe... viver os teus momentos

Quisera não conhecer a esperança
Mas viver na certeza
Me desgarrar das lembranças
Me esquecer da tristeza.

Quisera em teus braços
Me fazer mulher
Na ternura dos teus afagos
Me sentir crescer

Quisera desabrochar em tuas mãos
Plantar tuas raizes em minhas entranhas
E florescer no teu coração

Quisera em meus braços te acolher
Em meus seios te embalar
O mesmo caminho percorrer
E dentro de mim te cravar

Quisera deixar meu amor germinar
E cultivar essa semente sentindo em mim aninhar
E vivê-la intensamente

Quisera viver em você
Quisera... ter você
Quisera...

Essa poesia eu fiz há uns trinta anos, ainda jovem e apaixonadíssima. Anos mais tarde, creio que em 2000, já casada e com filhos, minha filha pré-adolescente queria participar de um concurso no Grêmio Literário de Bangu. Ela estava indecisa e para incentivá-la resolvi inscrever Quisera, que ficou em 7° lugar (adulto) e a dela (Mãe) em 5° (infanto-juvenil), ambas fizeram parte da coletânea daquele ano. Resolvi blogar porque além de gostar muito, ela é especial, foram sonhos que se concretizaram.

foto: Internet

INSÔNIA

Ela chega devagar,
mais uma duelo a travar.
Não posso pensar
tenho que relaxar.
Imóvel ficar.

Ouço sons a ressoar,
carros, motos a passar,
e ainda, gente a falar.
Enquanto eu a divagar,
ao som da bica a pingar.

O ar começa a pesar,
no ouvido a chiar.
O coração parece disparar,
e a noite se alongar,
ninguém para conversar.

E por não aguentar,
resolvo levantar,
talvez uma revista folhear,
algo para me acalmar,
e as horas não contar.

Decido... vou à janela olhar.
Uns já vão trabalhar,
outros foram farrear,
alguém o lixo a catar,
e alguns só "notivagar".

Volto a deitar,
em vão tento descansar,
quero sonhar,
melhor seria transar,
mexo, remexo... já é hora de acordar!

domingo, 9 de maio de 2010

SEPARAÇÃO

foto: Thaís Loureiro Dias

Alguém querido me falou que estava pensando em separação e um sentimento muito triste invadiu meu coração. Não era só tristeza. Havia também o sentimento da impotência. Por não poder evitar a dor que você já conhece, por ser um casal querido, pela união de tantos anos, porque era mais um sonho desfeito. E passiva, lembrei da dor. Gostaria de fazer alguma coisa, mas sabia que não podia. E como não somos donos da verdade, surgem os questionamentos.

Difícil é entender que alguém abandonou o sonho, que de repente já não se sonha mais a dois ou ainda, o que é pior, vê o “seu” sonho compartilhado com uma terceira pessoa. E o que era prazer vira desespero. Ah! Partilhar foi o que se fez durante anos... Partilhamos a vida: família, filhos, amigos, casa, carro, salário, férias, festas, alegrias e tristezas. E de repente não é mais partilhar, mas a partilha a se vivenciar.

Não falo aqui só da partilha material, ainda que essa seja complicada e alguma vezes dolorosa, existe outra “partilha”: emocional e sentimental. É a “repartição” dos opostos de nossas vidas. A alguém cabe a tristeza, ao outro a alegria. Não se divide culpa, atribui-se a alguém. Então há uma vítima. Quando há filhos, a um cabe “a parte” da responsabilidade e ao outro a visita, a distração e por aí vai.

Como um filme você relembra os anos passados, foca mais as dificuldades, os obstáculos superados, talvez para auto-afirmar que pessoa maravilhosa você foi e que não merecia que tudo estivesse a ruir. Nesse momento, você precisa de um culpado... e não é você.

Agarramo-nos a idéia de que o outro mudou. Não nós... somos iguaizinhos ao que éramos há alguns anos atrás. Algumas vezes encontramo-nos na rotina a grande vilã da nossa história. Reafirmamos que fizemos de tudo, às vezes para convencermo-nos. E quase sempre o TUDO ainda estava por fazer.

E é nessas indagações e acusações que passamos os primeiros tempos, que podem durar dias, meses ou alguns anos. O que me faz lembrar uma historinha, cujo autor é desconhecido e que dizia: “Que o amor queria a travessar um caudaloso rio. E chegando a um primeiro barqueiro, perguntou se este o levaria, houve recusa; chegando ao segundo, também obteve recusa, e ele continuou caminhando à margem do rio, parecia já ter andado muito e já cansado, achando que não alcançaria a outra margem; encontrou um terceiro barqueiro, e este aceitou fazer a travessia. Curioso ele perguntou:

_ O Senhor sabe o nome do primeiro barqueiro à margem do rio?

_ Sim, é o desprezo.

_ E o segundo?

_ A dor.

_ E o seu qual é?

_ O tempo.

E realmente é assim, há dores que só o TEMPO ajuda-nos a fazer a travessia.

Numa união desfeita sempre há feridos, às vezes os dois, ambos se perdem no sonho comum e ainda assim só o tempo para curar as feridas.

Ante a minha impotência em ajudar, resta-me a orar por esse casal. Vibrando para que eles possam buscar dentro de si o desejo, a vontade de atravessarem juntos esse rio. Que consigam relembrar as coisas boas e ver que o amor que os trouxe até aqui ainda existe, ainda que esquecido, adormecido, quem sabe até machucado.

Que reaprendam a se amar, não com o encantamento do começo, pois esse é o que esconde, o que dissimula aquilo que não queremos ver e que com o passar dos anos vai se desencantando aos nossos olhos. Mas com o amor construído nesses mesmos anos, que será capaz de entender que ninguém modifica ninguém e assim aceitar o outro com as suas fraquezas e limitações. Que nos faz compreender que o mesmo “tempo” que nos cura, nos traz marcas e transformações inevitáveis, e o quanto precisamos aprender a conviver com elas.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Paralelas



Estava procurando trabalho e buscando uma fonte de renda, resolvi montar um bazar, estilo brechó. Havia ganhado umas roupas boas, algumas semi-novas e resolvido o que fazer, restava-me saber onde. Não tinha recursos financeiros para grande coisa. Foi quando fiquei sabendo que numa comunidade próxima a minha casa, iria ser inaugurado um Centro Comercial, com boxs cujos preços julguei acessível. E o local me pareceu adequado para o tipo de negócio. Armei-me de toda coragem e lá fui eu para dentro da comunidade.

Ao voltar para casa um dia, enquanto descia a via principal, deparei-me com diferentes pessoas e a rua pareceu-me não ter fim. Embora more a três paralelas fora da comunidade, parecia que aquilo era um outro mundo. Muitos podem estranhar o meu choque, acreditando que devido à proximidade e ser a violência tão explorada pela mídia haja facilidade em conviver com essa realidade.

Como em quase toda comunidade, tem-se uma rua principal e diversas paralelas, becos e ruelas. Segundo o Aurélio: “paralelas - cada uma de duas retas que situadas no mesmo plano, não tem ponto em comum”. Segundo a minha cabeça naquele momento: vidas totalmente opostas, situadas no mesmo plano, cujo único ponto em comum é mais geográfico do que geométrico.

Havia pessoas cujas vidas dentro da comunidade eram soberanas que como a via principal tudo passa por elas. São “o poder paralelo”, conseguem ser o legislativo, judiciário e executivo em uma só organização e outras que tinham suas vidas paralelas àquelas. E o verdadeiro poder, onde está? Em algum lugar, é claro, paralelo aquele.

É óbvio que se não fosse a real necessidade, aquele seria um dos últimos lugares do mundo em que eu abriria um negócio que, diga-se de passagem, só serviu para um crescimento interior. Descobri logo, que na comunidade, havia dois públicos, um que podia gastar, comprava roupa de marca ou no Shopping e o outro que não podia comprar.

Dentro da Igrejinha, que não era a única na via principal, diversas vozes entoavam um cântico de paz e amor, e do lado de fora, quase que na porta, dois rapazes empunhavam fuzis com tanto furor.

Mais à frente encontrei uma senhora que tivera seu filho assassinado, provavelmente pelos da “via principal”, e lá estava ela passiva... paralela a tudo aquilo. Reconheci um menino que brincava de bola de gude, alheio as armas e a toda aquela movimentação, um colega de classe do meu filho que nas poucas vezes que lá esteve comigo apertava as minhas mãos e suava frio.

Vi “seu” Arlindo, cujos filhos a vida seguia como duas paralelas: um era pastor e o outro soldado do tráfico. E naquele homem um amor incondicional, único ponto comum daquelas vidas. Deparei-me com mães que assim como eu retornavam do trabalho, e lamentavelmente, outras que escolheram como trabalho o comércio do “pó”. Conheci mulheres que dividiam seus homens numa aparente aceitação, até porque a “lei” local não permite esse tipo de briga. E outras que infelizmente não tinham o direito de reivindicar a enterrar os seus filhos.

E foi nesses encontros e desencontros, que fiquei tentando entender todo esse antagonismo dessas vidas. Como apesar de estarmos tão próximos, vivemos em mundos tão distantes... diferentes.

Busquei culpados para muito do que vi ali. Normalmente é o que fazemos, culpamos Deus, o poder público até o cachorro do vizinho, mas custamos a admitir a nossa parcela de culpa. Costumamos a dizer que tal área é dominada pelo tráfico, mas será que nós não a segregamos ao domínio do tráfico?

Enfim, terminei o percurso e trazia comigo não só cansaço, mas alguns questionamentos que de pronto não conseguiria responder e experiência de conhecer pessoas fortes, batalhadoras. Histórias de dor e superação. Lembrei-me de uma frase: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.(Martin Luther King)