Creio que diversas pessoas, em várias ocasiões se pegam pensando nos seus sonhos, mais exatamente no que fizeram com eles. Talvez seja a tal da crise da meia idade, ou “a tal” não tenha haver com a idade, mas com o que foi feito dos seus projetos de vida, das suas escolhas... dos seus sonhos. E isso pode acontecer em qualquer idade, desde que haja insatisfação ou mudanças. E é como me encontrei: a sensação de que de repente comecei a fazer o caminho inverso da pirâmide social, de que estava na contra-mão da vida, me desnorteou completamente, perdi o chão. Aos cinqüenta anos, desempregada e tendo que trabalhar, além de não poder escolher , me vi completamente perdida, desorientada e exercendo funções que nem no começo da vida profissional exerci, era o declínio, o meu martírio social. Roubaram as minhas referências. E como não tinha outro jeito você começa a se justificar, que desde que seja honesto, todo trabalho é digno etc, começa a encontrar justificativas para o fracasso, mesmo que você seja capaz e queira fazer outra coisa, ou melhor, que você tenha se preparado para fazer algo mais. Começa-se então a se viver entre os dois “Rs”, o da resignação e o da revolta.
Está estabelecido o conflito. É uma briga cruel, íntima, um verdadeiro duelo interior, em que ambos os lados são muito fortes , é a necessidade e a idealização, o ter que provir e a satisfação, a humildade e orgulho.
E no meio desse turbilhão de pensamentos e sentimentos, me pego pensando onde foram parar os meus sonhos, o que fizeram com eles ou o que eu deixei que fizessem com eles e descobri que a tal da “resignação” havia colocado-os em um “baú”, como se eu não tivesse mais direito a sonhar, a buscar idealizá-los, condenados ao esquecimento. E me peguei pensando por que o ser humano tem “baú”, se geralmente esquecemo-nos, seja material ou imaterial, o que guardamos dentro dele, ainda que tenha sido guardado com muito carinho ou cuidado. Não sei se foi a revolta, mas abri o meu “baú” , e recuperei os meus sonhos , e com eles a força, a garra, a vontade de realizá-los, não como aos vinte anos, mas como quem pode ter mais vinte anos para torná-los realidade . E só o fato de estar escrevendo depois de tanto tempo, ainda que mal, com grande dificuldade de coordenar as idéias, estar estreando este blog é o começo do resgate de um dos meus sonhos - ESCREVER.
foto: Internet
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Mãezinha,
ResponderExcluirTá lindo este texto... muito bom ver vc voltando a ativa... vc é guerreira e me orgulho muito de vc.
Posso dizer que filho de peixe peixinho é :)
Só acho que existe uma diferença entre resignação e acomodação... o que a gente costuma ter/fazer é acomodação - a gente desiste... pq dá trabalho, pq tudo parece ir contra a gente... aí a gente se acomoda... Resignação é quando a gente não se revolta porque entende que tudo tem seu tempo... que nem tudo a gente pode ter a hora que quer... QUE A NOSSA VONTADE NÃO É A ÚNICA... existe a vontade Dele... que tá no comando... mas nem por isso a gente deixa de batalhar... só não chuta o balde e nem esbraveja com Deus e o mundo a nossa insatisfação...
Te amo mãe... é vc não tem só mais 20 anos para realizar seus sonhos... você tem a ETERNIDADE pela frente... APROVEITE BEM CADA SEGUNDO
Mãe vc é tudo para mim
ResponderExcluirte amo muito!!!!!!!!
Gostei mt prima-comadre.Continue sonhando,lutando e colocando aqui todo o seu EU.Bjs....
ResponderExcluirThais, como sempre adorei o seu comentário, digo sempre, porque a nossa relação sempre foi e espero que continue sendo uma troca sincera de opiniões. Creio que as pessoas que se acomodam, são sempre pessoas que de alguma forma encontram na acomadação, um jeito de ser feliz. Na maioria das vezes, elas estão satisfeitas. Resignei-me em prestar determinados serviços, procurei até fazer com amor. E foi na "rotina das necessidades" que os sonhos foram parar no baú. Mas, jamais aceitei, o que gerava insatisfação e revolta. E graças a Deus, já os tirei de lá, ou melhor, acabei com o baú.
ResponderExcluirAchei muito legal o texto...ainda não tive coragem para abrir o meu "baú". Prefiro no momento não pensar em certas questões, que me levariam a reflexões profundas e dor, e as quais não sei se estou pronta para remexer agora.
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